Ela achava que o aluno tinha problema neurológico. Depois de trocar de classe e ir para uma turma de repetentes, ele não quis mais freqüentar a escola. Em consulta médica, mostrou ter medo de ficar internado porque não sabia ler e escrever.
No entanto, segundo a médica, era "uma criança desenvolta, inteligente e de desenvolvimento normal".
Maria Aparecida Affonso Moysés - Dep. Pediatria da Unicamp
"As crianças já chegam aos consultórios condenadas ao diagnóstico"
Essa história está descrita em A Institucionalização Invisível - Crianças que Não Aprendem-na-Escola (Mercado de Letras, 264 págs., R$ 37), obra em que a pediatra Maria Aparecida Affonso Moysés, professora da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), detalha, baseada em depoimentos e fatos reais, como crianças normais se tornam problemáticas depois que entram na escola.
Casos como o de André se repetem no cotidiano escolar e, muitas vezes, mostram como o preconceito está enraizado no sistema educacional. Isso leva as crianças que não aprendem na escola, de acordo com Maria Aparecida, a serem encaminhadas a psicopedagogos, fonoaudiólogos e psicólogos. Na maioria das vezes, já com a certeza de que são DDA ou hiperativos. "O conceito de TDAH está popularizado. As crianças já chegam aos consultórios médicos condenadas ao diagnóstico. Daí ao uso de remédio é um pulo", diz.
Revista Educação - Edição 104
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