terça-feira, 26 de fevereiro de 2008

As crianças vem ao consultório já condenadas (Portuguese)

André Luiz, 9 anos, estudante de uma escola pública de Campinas (SP), era descrito pela professora como um garoto "desinteressado, ápatico, com capacidade mínima de concentração". Os dois se desentenderam por causa do comportamento dele em sala de aula.

Ela achava que o aluno tinha problema neurológico. Depois de trocar de classe e ir para uma turma de repetentes, ele não quis mais freqüentar a escola. Em consulta médica, mostrou ter medo de ficar internado porque não sabia ler e escrever.

No entanto, segundo a médica, era "uma criança desenvolta, inteligente e de desenvolvimento normal".

Maria Aparecida Affonso Moysés - Dep. Pediatria da Unicamp
"As crianças já chegam aos consultórios condenadas ao diagnóstico"


Essa história está descrita em A Institucionalização Invisível - Crianças que Não Aprendem-na-Escola (Mercado de Letras, 264 págs., R$ 37), obra em que a pediatra Maria Aparecida Affonso Moysés, professora da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), detalha, baseada em depoimentos e fatos reais, como crianças normais se tornam problemáticas depois que entram na escola.
Casos como o de André se repetem no cotidiano escolar e, muitas vezes, mostram como o preconceito está enraizado no sistema educacional. Isso leva as crianças que não aprendem na escola, de acordo com Maria Aparecida, a serem encaminhadas a psicopedagogos, fonoaudiólogos e psicólogos. Na maioria das vezes, já com a certeza de que são DDA ou hiperativos. "O conceito de TDAH está popularizado. As crianças já chegam aos consultórios médicos condenadas ao diagnóstico. Daí ao uso de remédio é um pulo", diz.
Revista Educação - Edição 104





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